Detalhada por técnicos da CCGL e Embrapa durante o Fórum Estadual da Conservação do Solo e da Água, Operação 365 é alternativa para aumentar a produtividade em tempos de estiagem.
Melhorar o sistema produtivo e aumentar a renda do produtor são o foco da Operação 365, programa de melhoria da qualidade do solo liderado pela Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) e Embrapa Trigo. A iniciativa foi detalhada por técnicos das duas entidades durante o 6º Fórum Estadual da Conservação do Solo e da Água, realizado no segundo dia da Expodireto Cotrijal.
O presidente da CCGL, Caio Vianna, destacou a importância do programa justamente em um momento em que a estiagem tem causado prejuízo a muitos produtores no estado. “Esse programa Operação 365 veio num momento muito oportuno, em que nós precisamos mesmo discutir a estabilidade da nossa agricultura", afirma Vianna. "Não existe possibilidade de crescimento vegetal com sucesso se não tivermos um solo adequado”, acrescenta.
Em apresentação conjunta, o gerente de Pesquisa da CCGL, Geomar Corassa, e o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Giovane Faé, mostraram uma comparação entre talhões de terra que comprovou a eficácia do programa.
“Tivemos, na safra 2019/2020, uma diferença de quase 40% na propriedade de talhões que foram monitorados que seguiram essa lógica dentro dos conceitos da Operação 365. É muita diferença. E neste ano devemos ter dados ainda mais contrastantes devido ao cenário da estiagem, que é mais severa”, explica Corassa.
Lançada em julho do ano passado, a Operação 365 tem como base a ideia de que um solo com melhor qualidade aumenta a estabilidade produtiva, ajudando o produtor a aumentar sua renda. Faé espera que a prática seja disseminada entre os agricultores.
“Cabe a nós do agro não só sermos atores, e a operação vai ajudar a sermos promotores dessa mudança, mas também comunicadores desse tipo de mensagem. O agro é parte da solução, e não do problema”, afirma.
“Diga-me o que plantas e te direi o solo que tens.”
Os pesquisadores José Eloir Denardin, da Embrapa Trigo, e Jackson Fiorin, da CCGL, falaram sobre o protocolo de implementação da Operação 365. Denardin começou sua explanação enumerando os perfis de solo. “O tipo predominante de solo no Rio Grande do Sul é o distrófico, que tem baixa fertilidade”, explica.
Mas o solo, que é um dos três principais fatores para a lavoura ao lado do clima e do tipo de planta, pode ter mais ou menos fertilidade conforme o que é plantado nele. Para deixar isso claro, fez a seguinte comparação: “Diz o ditado assim: ‘diga-me com quem andas e te direi quem você é’. Então diga-me o que plantas e te direi o solo que tens. Dá para fazer essa analogia perfeitamente.”
O pesquisador explicou como diferentes culturas podem ajudar na fertilidade do solo. “Os organismos vivos que estão em atividade biológica são agentes promotores de fertilidade. Não fazem parte da fertilidade, mas promovem a fertilidade do solo”, explica.
Denardin aconselhou os produtores a adotarem a Operação 365, apresentando diferentes cenários de safras de verão, outono e inverno. Sempre deixando claro que, além de melhorar a qualidade do solo, o produtor aumenta sua renda com diferentes culturas.
Por fim, explicou por que ter uma safra de milho a cada três anos é importante para ajudar na fertilidade. “Toda raiz tem um potencial de melhorar o solo, mas a raiz do milho, por durar mais de 24 meses, estabiliza a estrutura do solo.”
Ao final do evento, o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, exaltou a oportunidade que a Operação 365 trouxe para elevar a produtividade nacional do grão. “Estamos diante de uma oportunidade gigantesca da chamada vantagem comparativa que o Brasil tem”, destaca.
A mesa de autoridades foi formada pelo gerente de Produção Vegetal da Cotrijal, Alexandre Doneda; o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Luciano Schwerz; o deputado federal Pedro Westphalen (Progressistas-RS), o deputado estadual Ernani Polo (Progressistas), o presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho; o chefe de Gabinete da Secretaria Estadual de Agricultura, Erli Teixeira; o presidente da CCGL, Caio Vianna; o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, e o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires.
“Tudo depende do solo.”
O pecuarista Gilberto Pacheco, dono de uma propriedade em São Miguel das Missões, saiu do evento satisfeito. Ele destacou a importância do investimento na saúde do solo para qualquer atividade agropecuária.
“Temos de investir no solo. É o que tem de mais importante para a produtividade, tanto para a produção de grãos quanto para a alimentação do rebanho bovino, ovino e equino. O solo é extremamente importante e às vezes os produtores não se dão conta da necessidade da qualidade que ele precisa ter”, comenta.
O produtor deixou o evento pensando em melhorias para sua lavoura de pasto. “Constantemente estamos implementando as mudanças necessárias, e hoje observamos a importância das raízes no solo para infiltração da água. Esses detalhes são sempre muito importantes”, afirma.