A importância da cultivar no sistema de produção; tecnologias e pesquisas sobre o cereal; expectativas de demanda e mercado, foram temas debatidos na Expodireto Cotrijal 2023
O cultivo do cereal de inverno, que teve sua safra histórica no ano passado, alcançando 9,5 milhões de toneladas - volume que atende 76% da demanda nacional -, mobiliza produtores e lideranças do setor na escolha de caminhos para ampliar o crescimento. A pauta de consolidação deste cultivo esteve no foco do debate durante o Fórum do Trigo realizado no terceiro dia da Expodireto Cotrijal 2023.
Conforme dados da Embrapa Trigo, se a produção seguir crescendo 10% ao ano, o Brasil poderá chegar aos 20 milhões de toneladas até 2030. No Rio Grande do Sul, em 2022 a área plantada cresceu 20%, alcançando 1,4 milhão de hectares, e a produção chegou a 5,1 milhões de toneladas.
Diversificação do mercado
As múltiplas frentes de colocação do produto (panificação, ração, exportação, etanol, pasto, silagem, planta de serviço e carbono) e a possibilidade de aumento da produção e exportação do grão foram alguns dos pontos abordados pelo chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.
“Os produtores trabalharam junto com a ciência, incorporando tecnologia, genética e manejo adequado em suas lavouras, o que resultou no aumento de produtividade. Agora, é preciso trabalhar no sentido de fortalecer a possibilidade da utilização do trigo pela indústria de proteína animal, como alternativa ao milho, na formulação das rações de suínos e aves”, salienta.
Sistema de produção
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou a importância do trigo no sistema de produção. Ele apresentou o Programa Duas Safras, que tem como objetivo fazer com que os agricultores gaúchos invistam no aumento do cultivo de trigo, triticale, cevada, centeio, canola e aveia no inverno, como alternativa ao milho na composição da ração para aves e suínos.
“A proposta é que este cultivo alternativo, além do benefício à agricultura, traga também vantagens aos pecuaristas, que poderão se abastecer com ração para os rebanhos”. Para ele, a proposta passa também pelo equilíbrio da produção agrícola nas metades Sul e Norte do Estado, para que o setor agrícola gaúcho se desenvolva de maneira mais igualitária. ”A safra de 2022 nos mostrou que podemos muito mais”.
O clima do debate era de “quando a safra de inverno for bem feita, a safra de verão estará bem encaminhada”. Baseado nisso, o coordenador da RTC (Rede Técnica Cooperativa), Geomar Corazza, reforçou que o inverno gaúcho é uma grande oportunidade de desenvolvimento da cultura de trigo no estado. “Temos água, luz, solo, manejo, inteligência e pesquisa. É preciso dedicação e esforço para aumentar a produção e a safra 2022 nos mostrou que podemos ir muito mais longe”.
Cenário positivo
Otimista, Elcio Bento, analista da Safras e Mercado falou sobre o preço do trigo. E o presidente do Conselho Consultivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra, lembra que o fórum é um momento de convergência de ideias, estudos e propostas para o setor. Ele afirma que a ciência mudou o mundo e as sementes melhoraram significativamente. “Agora temos sementes de alta produtividade, o que dá maior competitividade ao grão em todos os mercados. Temos que ficar atentos e construir alternativas para abastecermos com qualidade o país e o resto do mundo”, destaca o ex-ministro da Agricultura.
Mesa de abertura: vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder; presidente do SindTrigo, Cláudio Luiz Furlan; presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra; presidente da Cotrijal, Nei César Manica; secretário de Agricultura do RS, Giovani Feltes; presidente da Farsul, Gedeão Pereira; presidente da FecoAgro, Paulo César Pires; gerente de Relações Institucionais e Sindicais do Sistema Ocergs, Tarcisio Minetto e chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.