Sabores, cores e novidades no Pavilhão das delícias

Vendas na Agricultura Familiar cresceram 16,46%, representando R$ 3 milhões

Nos corredores do Pavilhão da Agricultura Familiar, na 24ª Expodireto Cotrijal, era difícil não ver alguém degustando produtos ou em busca de algo específico que viu em alguma reportagem. Um dos pavilhões mais visitados da feira, nesse ano teve 192 estandes com a participação de 226 empreendimentos sendo 163 agroindústrias, 47 de artesanato, 13 de plantas e mudas de flores, e três com arte indígena.

A procura pelos produtos de qualidade e diferenciados movimentou R$ 3 milhões, com acréscimo de 16,46% em comparação aos R$ 2,5 milhões de 2023. O espaço é organizado pela Cotrijal, Emater/RS-Ascar (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Fetag/RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS), Fetraf/RS (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul) e SDR (Secretaria de Desenvolvimento Rural), que contribuiu com aporte de R$ 350 mil.

Entre as autoridades presentes, o governador do Estado, Eduardo Leite, destacou que o Pavilhão “é o mais querido, mais visitado, mais saboroso, e que tem um carinho especial de toda a comunidade.”

Crescente número de produtoras

O titular da SDR, Ronaldo Santini, comemora a presença massiva das produtoras nesta edição. "Abrimos o Pavilhão da Agricultura Familiar celebrando a liderança das mulheres, que são maioria à frente das agroindústrias presentes no espaço, fato que consolida o nosso trabalho visando à manutenção das famílias nas propriedades rurais", afirma. A entidade manteve um estande institucional no local para esclarecer dúvidas como a rotulagem dos produtos.

Invenção é exigência do mercado

De Cristal, Rosa Harthman levou suas geleias de sabores inusitados pela primeira vez à Expodireto. Com uma plantação de 40 mil pés de morangos orgânicos, surgiu a ideia de fazer as geleias. Hoje, ela e a filha Stefani Harthman da Silva produzem para a Morangos da Rosa geleias doces, além das especialidades para incrementar a culinária: sabores cebola com vinho tinto, caipirinha de limão, vinho branco, pêssegos com vinho, cerveja, espumante com fio de ouro, entre outras.

“Ultimamente tudo evoluiu, até os chefes inventam novos sabores, e para ter uma feira viável é preciso inventar”, destaca. Foi isso que a motivou a criar as variações, para oferecer ao público algo que proporcione a vontade de experimentar. Conforme Rosa, a geleia de cebola com vinho combina bem com hambúrgueres e a de cerveja levou três meses até chegar na consistência adequada.

Tradição de família

Com sabores de Marta Rocha, Raffaello e melancia branca, a Panificadora Hermes, de Arroio do Tigre, produz cucas há 40 anos, com a terceira geração da família já à frente dos negócios. “A avó da minha esposa é descendente de alemães. Então a família trouxe as receitas da Alemanha para as cucas”, conta Rafael dos Santos.

Ele ainda relata que a esposa Vânia Zucketto cria outros sabores além dos convencionais, surgindo a cuca de banoffee (banana com doce de leite e merengue). “É uma das mais pedidas. Há dois anos a Vânia fez um experimento até chegar no ponto certo da cuca”, relata. “Os clientes gostam muito também da cuca de uva e da trufada.”

Atuação familiar na produção de queijos

Produtor de queijos há dez anos, há cinco Paolo Delgas, da Agroindústria Sítio da Ramada, de Soledade, participa da Expodireto. “Começamos a fazer os produtos para a venda escolar, e minha filha deu a ideia de fazermos queijo com orégano, como minha mãe fazia. Os amigos provaram e incentivaram a criarmos outros sabores”, conta.

Hoje ele também produz queijos com pimenta, vinho, salame, tomate seco, chimichurri e alho: “Sempre são muito bem aceitos, os clientes vêm nos procurar. Temos clientes de fora do Estado, já mandei queijo até por Sedex.” Sua produção tem o Selo Arte, que permite a venda para todo o país. Para a esposa de Delgas, Ana Helena Buenavides, a feira correspondeu às expectativas: “Foi espetacular, vendemos todos os dias, e o queijo que mais saiu foi o de chimichurri.”

Salame diferenciado

O cartaz no estande dizendo ‘Salame diferente’ induz a curiosidade dos visitantes da feira. Foi assim que a produtora Edineia Pasinato, da Charcutaria Pata Negra, de Cacique Doble, chamou a atenção para o seu produto e provou que, realmente, tem um sabor único.

O segredo do salame diferente é a produção totalmente artesanal, como se fazia antigamente. “É uma receita mais simples. Fazemos nosso tempero, faço o alho em pó, não usamos a fumaça líquida, é tudo no modo antigo mesmo”, revela. Semanalmente são feitos 120 quilos de salame.

Pela primeira vez na Expodireto, ela diz que foi um desafio por ser somente ela e o marido Valdecir Ferreira de Souza na produção. Enquanto ele produz, ela expôs os produtos na feira. Os produtores também fazem linguiça toscana, copa de lombo suíno, entre outras iguarias. “Foi uma feira muito boa, mostrei meu produto que não é conhecido.”

Chimia de torresmo

Produtora há dez anos, a jovem Tassiele Toledo de Campos Borges, da Embutidos Toledo esteve na Expodireto pela terceira vez, e com uma novidade para apresentar ao público, a chimia de torresmo. “Minha tia e meu avô já produzem há muito tempo para consumo próprio”, conta.

A partir da iguaria familiar decidiu tentar a produção para a venda, e há cerca de cinco meses inseriu a chimia de torresmo entre seus produtos. “O torresmo é bem fritinho, com temperos, moído e batido. A textura parece com a da pasta de amendoim”, relata. “A aceitação na minha cidade é muito boa e na feira também foi.” Tassiele sugere comer a chimia com pão de milho ou tábua de frios, como se fosse uma geleia salgada.

Experiência e inovação nos sabores

Há três anos Jackson Jacobs atua na indústria de queijos. Com a Dorf Produtos Lácteos Artesanais instalada em Teutônia, ele conta que o início do trabalho ocorreu de forma convencional, com a produção de queijo colonial e temperados tradicionais. Hoje produz queijo colonial sem lactose e outros que despertam a curiosidade, como o queijo de lavanda, feito com as folhas e flores desidratadas e lavanda colhida em Morro Reuter. Foram necessários quatro meses de teste para se chegar no ponto certo do produto.

“Vimos a necessidade da demanda por queijos diferentes. Então procuramos fazer sabores que não víamos”, destaca. “Fazemos também o queijo de chopp. Esse foi mais desafiador, cerca de 10 a 12 meses de testes.” O processo inclui cem dias de maturação, sendo 10 dias mergulhado no chopp. “A procura pelos queijos é bem legal porque são diferentes.” Foi a primeira vez que Jacobs esteve na Expodireto e já adianta a criação de três novos queijos ainda para este ano.


siga no instagram

@exporevista