Novas possibilidades comerciais para o milho brasileiro são debatidas na 14ª edição do Fórum do Milho

Um cenário privilegiado, com previsão de aumento de área produtiva e oportunidades de ampliar a comercialização

A 14ª edição do Fórum do Milho apresentou os principais desafios e também as inúmeras possibilidades de venda do produto, desde o etanol até conversão em proteína animal.

Em um cenário mundial favorável à produção de milho, onde a demanda é maior que a oferta, o Brasil pode ganhar ainda mais destaque, embora tenha alguns desafios a serem superados. Esse é um motivo de otimismo para Arene Trevisan, diretor de Commodities da JBS, que apresentou a palestra Expectativa do Mercado de Commodities.

No mercado internacional, as chances para o Brasil são excelentes. Estados Unidos e China, que são atualmente os maiores produtores, vêm perdendo fôlego na produção, justamente quando a demanda mundial está subindo. Isso favorece países como Brasil, Argentina e Ucrânia, que ainda possuem capacidade produtiva.

Na última década, entre 2012 e 2022, os Estados Unidos passaram de 273 milhões de toneladas para 349 milhões de toneladas. Já a China pulou de 230 milhões de toneladas para 277 milhões de toneladas ao ano. Com esses índices de crescimento, esses países praticamente esgotam sua capacidade produtiva, abrindo espaço para outros, já que o consumo mundial cresce na ordem de 3% ao ano.

O Brasil, por sua vez, passou de 208 milhões de toneladas para 272 milhões de toneladas anuais nos últimos dez anos, mas ainda possui áreas para produzir. “Somente no Rio Grande do Sul, há 5 milhões de hectares de terras paradas no inverno, o que gera muita oportunidade para toda a cadeia do milho no ciclo de safra”, destaca Trevisan.

Por conta desse cenário, ele acredita que o Brasil vai ultrapassar os Estados Unidos em um curto espaço de tempo. “Somos o terceiro maior exportador mundial”, comemorou Arene, lembrando que ainda temos muito desafios para o crescimento, como infraestrutura, armazenamento e qualidade do grão. “Precisamos de tecnologia, ciência e financiamentos”, pontuou o palestrante.

A chance de assumir a liderança global

Com os indicadores apontando um consumo de milho cada vez maior em escala global (sobretudo para uso em energia e proteína animal), o Brasil pode se tornar um líder global. Atualmente, somos o terceiro maior produtor mundial, com 11% de participação internacional. Na exportação, também ocupamos o terceiro lugar (com uma fatia de 26% do mercado global), enquanto, no consumo doméstico, estamos em quarto lugar (7% da produção).

Produção ainda requer avanços

Ainda que a situação mundial seja favorável ao milho brasileiro, as condições de produção ainda precisam avançar. “O nível de custo subiu muito”, justificou Trevisan. O palestrante apontou que a produção interna está muito ligada ao etanol. “Para se ter uma ideia, três grandes fábricas de etanol consomem todo o milho produzido no Rio Grande do Sul”, explicou. “Apenas uma dessas fábricas consome 12 milhões de toneladas”, pontuou.

No entanto, o produto nacional ainda precisa de melhorias, sobretudo para ganhar maior fatia do mercado internacional. “Precisamos melhorar a estrutura de recebimento, capacidade de padronização e armazenagem”, explicou o palestrante.

No que se refere à qualidade do grão, a melhoria é urgente. “Da amostragem analisada no Rio Grande do Sul, foram detectados 18% de microtoxinas”, sinalizou. “Isso dificulta a entrada em mercados mais exigentes”, concluiu.

Monitoramento é o maior desafio no combate às pragas

A velocidade com que as doenças se alastram na cultura do milho inspira cuidados. Conforme Glauber Renato Stürmer, pesquisador em Entomologia na CCGL TEC, um dos grandes desafios é monitorar o desenvolvimento das pragas e realizar o manejo assertivo. “Estamos monitorando algumas pragas na plataforma Smartcoop e elas podem agir de forma rápida e extremamente prejudicial, pois tornam-se vetores para a transmissão de doenças”, destacou Stürmer. A cigarrinha do milho é um exemplo. Ela pode disseminar bactérias, parasitas e disfunções no floema. Sua transmissão se dá de forma persistente e propagativa.

Uma de suas características é gostar de milho jovem, por isso, deve ser combatida ainda no início do ciclo. Seu raio de atuação ativa é de 5 quilômetros a 30 quilômetros. Já a atuação passiva pode chegar a 500 quilômetros por meio das correntes de ar. Seu impacto é grande, podendo reduzir em até 90% a produção de grãos, além de tolerar os defensivos híbridos.

Stürmer defende o monitoramento como principal ferramenta de combate às pragas, pois conhecendo a forma de atuação e propagação, é possível definir formas mais assertivas de aplicação de defensivos. “No caso da cigarrinha, é importante fazer a integração entre ferramentas químicas e biológicas”, recomendou. Ele reforçou ainda sobre a importância de verificar a dose recomendada, validade, acondicionamento, estocagem e horário correto de aplicação, que é no início da noite.

O papel da biotecnologia é quebrar barreiras

Não há dúvida que a biotecnologia já desempenha um papel fundamental na produtividade das lavouras. Com sua utilização, é possível reduzir perdas e, consequentemente, alavancar o ganho financeiro. E justamente por isso, os estudos nessa área avançam diariamente, conforme explicou o engenheiro agrônomo Patrick Marques Dourado, da Bayer. “Hoje, estamos produzindo mais em espaços menores graças aos avanços da biotecnologia”, sustentou. “Conseguimos superar desafios como estiagens, enfezamentos, pragas e plantas daninhas, graças à evolução de soluções integradas”, pontuou. Conforme Dourado, as tecnologias avançadas de melhoramento genético já apresentam muitos avanços em sementes, químicos e biológicos para proteção de cultivos. Conforme Dourado, as tecnologias avançadas de melhoramento genético já apresentam muitos avanços em sementes, químicos e biológicos para proteção de cultivos, tecnologias digitais e serviços. Um exemplo foi a evolução dos produtos da própria Bayer. “A tecnologia contra pragas está muito avançada. Em alguns casos, quando o inseto come a planta, suas células já recebem a mensagem que ele não deve fazer isso, pois irá morrer”, destacou.

Preparação para a sucessão familiar

Um jovem casal de namorados, porém um passo à frente em termos de gestão. Rodrigo Grahl Bohn, 22 anos, e Laura Schroeder, 20, ambos de Lagoa dos Três Cantos (RS), estiveram no Fórum do Milho com o objetivo de adquirir mais informação para a sucessão familiar, pois ambos são filhos de produtores. “É a primeira vez que participamos do fórum e buscamos conhecimento para melhorar a produção em nossas propriedades. As palestras ajudam muito com orientações”, destacou Bohn. Laura, por sua vez, também busca ampliar seu conhecimento em tecnologia de produção.


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