Com o tema Inovação, o 16o Fórum Estadual do Leite lotou o auditório da Expodireto Cotrijal no terceiro dia da feira. Os produtores puderam conferir as técnicas para otimizar o manejo do gado e, assim, ter mais lucro nas suas propriedades, seja usando novidades tecnológicas ou adotando práticas mais simples, que ajudem a evitar problemas.
Tecnologia para tomada de decisão
A pecuária de precisão foi o tema da apresentação do professor universitário João Henrique Costa. O catarinense, que leciona na Faculdade de Agricultura da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, mostrou como a tecnologia pode gerar dados que ajudam o produtor a tomar decisões na criação de vacas.
Mas a apresentação veio precedida de um aviso: não basta usar equipamentos avançados se não for feito o manejo adequado do gado. “Isso não é a salvação, não é só um pozinho mágico, algo que vá mudar a produção leiteira”, afirma.
O estudioso explica que a universidade onde leciona conta com uma fazenda onde são usados 19 tipos de equipamentos, e que na maior parte das vacas há oito diferentes aparatos instalados.
Costa mostrou alguns exemplos de tecnologias wearable, ou seja, que são instaladas no animal. Entre elas estão pedômetros e colares, usados para medir ruminação, tempo comendo, atividade e locomoção; monitoramento fisiológico para aferir temperatura, sistemas de localização em tempo real e detecção do parto.
“Podemos monitorar praticamente tudo que quisermos em um animal: emissão de metano, ruminação, tempo comendo, onde elas estão, frequência cardíaca, quando ela se levantou ou se deitou, saúde do casco… As opções são praticamente ilimitadas”, destaca.
A utilização da tecnologia não se limita a dados do gado. “Podemos medir a porcentagem de gordura do leite, a proporção gordura, proteína, muitas outras coisas que vão além do animal em si”, destaca.
O professor também falou sobre a importância da utilização dos dados que os equipamentos oferecem para ajudar a tomar decisões nas propriedades, seja na parte operacional, tática e estratégica.
“Ter dados sem ter um insight, sem ter uma ação sobre isso, não vale nada. Ninguém fica rico produzindo dados, ninguém maneja melhor produzindo dados. Temos que traduzir o que essas vacas nos dão para manejo. E é mais que a tradução, é realmente entendermos o que estamos vendo”, explica.
Sistema Agro+Lean
Um sistema de gestão usado por pecuaristas de todo o país pode ajudar produtores de leite a reduzirem desperdícios e, assim, melhorarem a margem de lucro. Desta forma, o médico veterinário Sandro Viechnieski, do Instituto Clínica de Leite, apresentou o sistema Agro+Lean.
Segundo o veterinário, a ausência de quatro fatores provoca o caos nas fazendas: clareza sobre o propósito do negócio, foco para realizar os processos de forma bem-feita desde a primeira vez, disciplina para evitar mudanças constantes de regras e engajamento na atividade que executa, pelo bem que ela faz aos outros.
“Aquele resultado de não ter, muitas vezes, o dinheiro para pagar a conta hoje, de eu não ter garantia de me aposentar de uma maneira digna, não ter pessoas fazendo tão bem as coisas que eu faço, de eu não atender a legislação e as normas em vigor, que fazem com que meu negócio não feche são resultados do caos”, explica.
Por outro lado, Viechnieski citou os três fatores para o sucesso de um produtor: a cultura no comportamento dos familiares e colaboradores durante a lida, a formação de um time e um líder visto como um ponto de apoio.
Importância para o produtor
O presidente da CCGL, Caio Vianna, destacou a importância do fórum para o produtor gaúcho adquirir informações que podem ser valiosas no período da entressafra do leite.
“No mês de menor produção de leite na Região Sul, ele tem uma oportunidade de ter uma visão do que pode estar acontecendo e pode acontecer na sua atividade, e também em algumas abordagens no fórum sobre possibilidades do que pode ser feito dentro da porteira”, declara.
Além de Vianna, participaram da mesa das autoridades o presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Manica; o vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder; o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra; o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar-RS), Eduardo Condorelli; o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro), Paulo Pires, e o diretor do Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Paulo Roberto da Silva.