Incentivar os produtores mais novos a inovarem na sucessão de propriedades rurais foi o objetivo do 9o Fórum Jovem Cooperativista, realizado no último dia da Expodireto Cotrijal. Com palestras de especialistas e apresentações de exemplos de modernização de fazendas familiares, o evento serviu de inspiração para a nova geração. Participaram da abertura do fórum o presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Manica; o vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder; o vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Rogerio da Silva, e a diretora comercial do jornal Diário da Manhã, Eliane De Bortoli.
Olhar fora da bolha
Em sua palestra, o executivo da Rede de Inovação Conecta, da UPF (Universidade de Passo Fundo), Giezi Schneider, falou sobre a importância de se posicionar diante das inovações.
“Quando falamos em inovação e tecnologia, o primeiro passo é escolher o meu lugar. Pode ser um lugar de escolha, de proposição, de intenção de fazer ou usar as coisas, ou pode ser um lugar de simplesmente faz porque todo mundo faz, compra porque ofereceram, experimenta porque está ali”, destaca o executivo.
Schneider sugere aos jovens que “olhem fora da bolha”, ou seja, busquem informações além das que facilmente acessam. Desta forma, afirma, é possível criar soluções para problemas da propriedade da família e para outras pessoas, e ganhar dinheiro com isso.
“Vejam a capacidade de serem criadores de tecnologia. Eu conheço o problema da propriedade, e posso me capacitar, me empoderar, e talvez me juntar com outras pessoas e eu mesmo ajudar a resolver o problema”, diz.
Inovação depende da curiosidade
Já o engenheiro agrônomo Rogério Raposo, gerente de produto da Hypercubes, empresa do Vale do Silício, nos Estados Unidos, que desenvolve um sistema de análise de lavouras por meio de imagens de satélite, aponta que a inovação depende da curiosidade.
“Ser curioso, tentar entender como as coisas funcionam, ou como uma outra ferramenta que está em outro mundo pode ajudar a gente no nosso mundo”, descreve. “A inovação muitas vezes não está na tecnologia, mas está em sua atitude”, acrescenta.
Raposo conta que, atuando com agronomia no Brasil, sentia falta de imagens de satélite com melhor resolução. Até que começou a trabalhar nos Estados Unidos. Lá, ficou surpreso com a tecnologia disponível, mas também causou espanto.
“Assim como eu vivia na minha bolha da agricultura e não conhecia o mundo deles, eles também não conheciam o meu mundo, isso aqui, que é o nosso mundo. E posso assegurar que a surpresa que eles tiveram com a força que nós temos com a agricultura foi muito boa”, declarou.
Sucessão rural
Além das palestras, dois jovens que tocam propriedades familiares foram convidados a relatar suas experiências. O engenheiro agrônomo e ex-funcionário da Cotrijal Henrique Hummes, 33 anos, explicou como melhorias tecnológicas o ajudaram nos cerca de mil hectares da família, em Victor Graeff. Lá, são plantados soja, milho, trigo e cevada.
Entre as mudanças adotadas por Hummes de 2015 para cá, está a tomada de decisões para a lavoura, que deixou de ser baseada na média da propriedade e passou a ter como base cada talhão. Além disso, ferramentas digitais passaram a ser adotadas. “Temos implementado programas de gestão que no meu ponto de vista são de extrema importância para sabermos para onde está indo o dinheiro.”
A pecuarista Maiara Neuberger, 29 anos, falou sobre a experiência de gerir a propriedade da família, de 76 hectares, em Coqueiros do Sul. Lá, são criadas vacas leiteiras e plantados soja e milho. Na propriedade de sua família Maiara começou a usar energia solar, além de instalar coleiras de monitoramento no rebanho.
“São bem legais. São via aplicativo. Cuidam da saúde delas, da nutrição e da reprodução. Agora mesmo recebi no celular a informação de que uma das vacas entrou em trabalho de parto e não está se sentindo muito bem. São alertas que recebo no meu telefone”, explica.
Experiência válida
A experiência foi válida para o produtor Jonatas Augusto Seider, de 26 anos, que pretende colocar em prática o conhecimento que adquiriu com a apresentação de Henrique Hummes na propriedade de aproximadamente 50 hectares que fica em Tapera. Lá, ele planta soja, milho e trigo, entre outros grãos. “Com os exemplos dos outros, você pode saber ter um rumo das coisas. Como somos do campo, é importante pegar os pontos positivos dos outros e aplicar em casa”, justifica.