O futuro do cultivo da soja no Brasil é positivo, tanto economicamente, quanto na questão da inclusão tecnológica. O 31o Fórum Nacional da Soja, que ocorreu durante a Expodireto Cotrijal, tratou sobre o mercado e inovações no agronegócio. O Auditório Central lotou com produtores rurais e demais profissionais da área, que saíram animados com as projeções.
Grande demanda pela frente
Mesmo com o coronavírus abalando diretamente as exportações à China, o cenário é favorável. Foi o que concluiu o engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada, Alexandre Mendonça de Barros, durante a palestra “Perspectivas da economia agrícola no Brasil e no mundo”.
A soja está intimamente ligada ao cenário mundial de exportações de carne, já que é o principal item na alimentação dos animais. Barros afirma que as crises sanitárias na China, como a gripe suína, ocasionaram abatimento em larga escala. A consequência foi o aumento do consumo de carnes exóticas, dando origem ao coronavírus em humanos. Com o surto, os governos determinaram o isolamento de pessoas resultando na queda do consumo de carne. A expectativa é que esse encolhimento do mercado tenha efeito rebote em razão da demanda reprimida. “Haverá uma grande necessidade para restabelecer os estoques. Acredito que o mercado da soja comece a reagir antes da metade de 2020”, acredita Barros.
O panorama animou quem esteve no Fórum. “O futuro é incerto e o especialista nos deu uma certa tranquilidade, já que as exportações de carne e soja virão com toda a força depois dos isolamentos”, comenta o produtor rural Jorge Arthur Berthier, 57 anos. O morador de Chapecó planta soja, milho e cria gado de corte em uma área de 1,4 mil hectares.
Futuro do agro sob o olhar do espaço
O fundador e CEO da Hypercubes, Fábio Teixeira, tratou do tema “Construindo uma Equipe Homem-Máquina para Alimentar o Mundo”. Ele apresentou um satélite projetado especificamente para a agricultura, que mapeia e quantifica dados das lavouras por meio de imagens em altíssima resolução.
No ano de 2050 serão quase 10 bilhões de habitantes no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Uma questão que permeia os pesquisadores da agricultura é: como alimentar todas essas pessoas? Teixeira vê a resposta na tecnologia de satélite. O pesquisador apresentou o nanossatélite que promete revolucionar a agricultura. A ferramenta é do tamanho de uma caixa de sapato e a previsão é que já esteja acessível aos produtores rurais em 2022 a um baixo custo.
Por meio de imagens em altíssima resolução, será possível detectar os problemas do solo, chegando ao nível de obter uma análise química dos excessos e carências de nutrientes. Todas as informações chegarão até o produtor na tela do celular ou computador. O principal resultado é que haverá tempo hábil de salvar a safra imediatamente. “Os satélites existentes não são voltados especificamente à agricultura e apenas informam se há algo errado na lavoura, mas não o que. Hoje o produto final é caro e não entrega o que o produtor precisa”, conclui Teixeira.
O serviço de imagens do satélite será disponibilizado via assinatura. O cliente poderá escolher o pacote conforme o número de anomalias que deseja monitorar na lavoura e pagará uma mensalidade. Teixeira ainda não tem valores definidos, mas garante que o custo será baixo.
Evolução impressionou profissionais
O engenheiro agrônomo de São Luiz Gonzaga, Fábio Hauschild, 41 anos, já trabalha com monitoramento por satélite e diz que o que existe hoje no mercado é caro e falho. “Hoje as tomadas de decisões nem sempre são a tempo de salvar a lavoura, conseguimos apenas corrigir a safra seguinte. Tudo é mais lento pela falta de detalhes que, pelo visto, logo será possível”, comemora.
Características do satélite da Hypercubes
- Tem o mesmo tamanho que uma caixa de sapato
- Funciona a partir de uma “constelação” de satélites, que completa uma volta na Terra a cada 90 minutos
- São 100 terabytes a cada vez que o satélite percorre a Terra
- Faz análises, por meio de imagens, que permitem olhar para uma plantação e determinar nível de fertilidade do solo, estresse, espécies invasoras, doenças e até medição de nutrientes
- A previsão é que seja disponibilizado em 2022 por programa de assinatura a baixo custo