A adoção de ferramentas de gestão para viabilizar maior produtividade nas fazendas foi um dos enfoques do 18º Fórum Estadual do Leite
O evento, realizado no terceiro dia da Expodireto Cotrijal, apontou um cenário de arrefecimento na produção e no consumo nacionais.
Rentabilidade é essencial à sobrevivência do negócio
Não basta ter lucro. Uma produção leiteira e economicamente equilibrada precisa de uma boa gestão e rentabilidade. Esse foi o principal argumento de Christiano Nascif, diretor da consultoria Labor Rural, com a palestra ‘Qual o segredo das fazendas de leite mais lucrativas?’.
Para Nascif, o sucesso de uma produção não tem segredo. O ponto principal é conhecer os números. “Quanto dinheiro você investiu na fazenda, quanto está empatado e quanto retorna? Sabendo esses dados, você sabe se a produção é lucrativa ou não”, destacou. E a rentabilidade (lucratividade mais taxa de giro) é o principal indicador de sucesso.
O palestrante mostrou que nem sempre uma boa produção significa um bom rendimento, por isso não serve como balizador de sucesso. “Se a fazenda tem boa lucratividade, o preço do leite pode baixar 20% e ela continuará operando no azul”, enfatiza.
A revolução na gestão das propriedades
A plataforma que revolucionou a gestão das propriedades rurais. Foi assim que a produtora e sucessora familiar Larissa Zambiasi, de Coqueiros do Sul (RS), definiu a SmartCoop. “Foi através da gestão dos números pela plataforma que pude entender o tamanho da propriedade”, avaliou.
A produtora destaca a riqueza dos indicadores e a facilidade que o produtor tem de fazer seus registros para serem analisados pela ferramenta. “Com a rotina acelerada e os diversos imprevistos, geralmente deixamos a produção de lado. É por isso que a plataforma ganha tamanha importância”, argumentou.
A ferramenta fornece subsídios para diversas atividades como verificar ações previstas, agendar manejo de talhão (irrigação, aplicação de esterco), planejar o plantio de pastagens de inverno, gerenciar o rebanho com o histórico genético de cada animal.
Consumo de leite deve cair no mundo todo
O cenário da produção de leite não é dos mais favoráveis esse ano. Andrés Padilla, especialista da Indústria da Rabobank Brasil, destacou os fatores que levam a um desaquecimento do cenário leiteiro brasileiro em sua palestra ‘Mercado lácteo: o que esperar para 2023’.
De acordo com o especialista, há vários fatores para o desaquecimento. Um deles é a economia brasileira em ritmo de desaceleração. Taxa de juros caindo devagar, inflação que permanece alta e taxa de desemprego elevada (9%) contribuem para essa queda. “A inflação dos lácteos gerou arrefecimento no consumo no mundo todo”, analisou.
Somado a isso, o nível de especialização e comprometimento de longo prazo leva muitos produtores menores a migrar para outras atividades. Mesmo com avanços na produtividade, o Brasil ainda não tem condições de concorrer com países como EUA e Nova Zelândia. “O consumo doméstico, que já está reduzido em função de mudanças de hábitos alimentares, não é totalmente suprido, ainda dependendo de importação”, destacou.
Ferramenta de trabalho
Para Lucas Camargo, 40 anos, zootecnista de São Miguel do Oeste (SC), assistir ao fórum foi importante para entender de que forma os produtores de leite utilizam a tecnologia. “Eu gostaria de ter um panorama do setor, estar informado sobre o nível tecnológico nas produções para definir o enfoque dos meus produtos na região”, destacou o representante da empresa de tecnologia Rumina.
Com o mesmo objetivo, o engenheiro agrônomo Armindo Neto, 49 anos, veio de Belo Horizonte (MG) para participar do evento. “Faço consultoria para diversas empresas na área de leite e é importante entender o cenário atual”, justificou.
Mesa de abertura: Rodrigo Rizzo, coordenador das Comissões Temáticas da Farsul e presidente do Conseleite; Guillermo Dawson Jr., diretor superintendente da CCGL e coordenador do projeto SmartCoop; Marlon Bentlin, gerente regional do BRDE; Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs; Eduardo Condorelli, superintendente do Senar- RS; Nei César Manica, presidente da Cotrijal; Caio Vianna, presidente da CCGL; Enio Schroeder, vice-presidente da Cotrijal; Paulo Pires, presidente da Fecoagro e Jair Mello, gerente de suprimento de leite da CCGL.