Produtores de 132 municípios gaúchos comemoram o recorde de público e de comercialização nos cinco dias de Expodireto
O Pavilhão da Agricultura Familiar, local bem concorrido na Expodireto Cotrijal 2023, contou com a participação de 220 empreendimentos e movimentou R$ 2,5 milhões – num crescimento de 52% quando comparado a 2022 (R$ 1,7 milhão).
Conforme o coordenador da feira pela Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul), Jocimar Rabaioli, o espaço contou com 146 agroindústrias familiares, 27 estandes de artesanato e 19 de flores. Destes, 45 fizeram sua estreia na feira, 66 empreendimentos eram liderados pela juventude rural, 107 por mulheres e 42 conduzidos por jovens mulheres. “A feira bateu recorde de público e de comercialização, representa uma evolução. Ano após ano o pavilhão tem se tornado um xodó”, avalia o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti. Ele conta que quem frequenta a feira, dificilmente sai sem levar ao menos um bom produto. “Muitos expositores comemoram que o faturamento durante a feira é maior que durante um mês todo. Aqui está representado o que nós temos de melhor da agroindústria familiar de todo Rio Grande do Sul. A Cotrijal está de parabéns pela organização”, destaca. A Fetag-RS avalia como sendo muito positiva mais esta edição da Expodireto e agradece ao Governo do Estado, através da Secretaria do Desenvolvimento Rural, pela parceria e aos patrocinadores do Pavilhão da Agricultura Familiar: Banrisul, Sicoob, Sicredi e Banco do Brasil.
O diferencial do alho negro
Conforme o jovem Felipe Lazzarotto de Costa, de Monte Belo do Sul, na serra gaúcha, sua família produz cogumelos há 24 anos e há três anos iniciou na produção do alho negro. Agora, desde novembro passado, lançaram a agroindústria, investindo no processamento de alimentos para agregar valor.
E seus produtos já eram destaque na feira: caponatas e geleias de alho negro. Em três estilos de caponata: a Tradicional, a Oriental com sabor de yakisoba e a Caponata Premium de shimeji e alho negro – Felipe comemora o sucesso da inovação. “Vale a pena experimentar um sabor diferente”.
Maturação e valor nutricional
O alho depois de colhido passa por um processo de maturação durante três meses. Condicionado em vidros tampados com furos nas tampas, ele vai recebendo pequenas quantidades de água para que o odor forte evapore. Numa estufa, o alho vai maturando com o calor e a umidade, o que potencializa suas propriedades nutricionais. O processo atribui um sabor mais suave e adocicado.
O empreendimento De Costa Cogumelos e Alho Negro conta com três trabalhadores na família. O Felipe, a irmã Carolina e o pai Gilmar, mais sua namorada, Angélica, que atua na divulgação.
Doce de leite premiado
Eliana Beatriz Lenhard de Oliveira e seu esposo Roberto de Oliveira estavam felizes com os negócios na feira. Proprietários da Estrelat, agroindústria de Estrela, participam pelo segundo ano e contam que a feira superou as expectativas em mais de 50%.
Com toda produção própria, a granja conta com um rebanho de 190 bovinos, sendo 85 vacas em lactação. Produzem 20 mil litros de leite por mês e mil quilos do doce de leite, comercializado em embalagens de 170 e 420 gramas. O doce leva apenas três ingredientes: leite, açúcar e bicarbonato de sódio. Sem adição de químicos.
A agroindústria familiar é mantida com o trabalho de seis pessoas e nesta edição da feira apresentou uma novidade: o kit presente, composto por um vidro de doce de leite, uma colher e bolachas de pão de mel.
Há 50 anos produzem leite tipo A na granja e iniciaram com o doce de leite há um ano e meio. Tempo suficiente para conquistar algumas premiações: Prêmio de Doce de Leite Medalha de Ouro; estão entre os 10 produtos Prêmios do Estado e no Sebrae constam dos 50 alimentos mais diferenciados no RS.
Ampla gama de sabores em destilados
Destilados Santini apresentou uma variedade de bebidas à base de cana-de-açúcar e de graspa – bagaço da uva. Localizada na cidade de Pinto Bandeira, a agroindústria funciona com o trabalho de quatro pessoas. Desde 2014 produzem cachaças, licores e brandy.
Das bebidas mais procuradas constam as cachaças envelhecidas em barril de carvalho, de 3 anos, ou de 5 anos de envelhecimento. Conforme Fabiano Santini, que estava na feira com a esposa e a mãe trabalhando juntas, o empreendimento produz mais de 20 sabores de licor, como cravo e canela, amêndoas, limão, maracujá, jabuticaba, entre outros.
Apicultura do Sertão gaúcho
Vilson Teixeira Viana mantém uma produção de mais de 350 caixas de abelhas. Desenvolve apicultura há mais de 30 anos e desde 2004 atua com a agroindústria. Na sua banca encontramos variedade de mel e própolis.
Trabalham ele e sua esposa na pequena propriedade, onde, juntos, conseguiram colher 10 mil quilos de mel em 2022. “Mas, as condições climáticas deste inverno, que foi muito rigoroso, acabou matando muitas abelhas e a expectativa de colheita encolheu para 5 ou 6 mil quilos neste ano”, explica.
Viana comenta que a Expodireto é um momento importante, não só para a comercialização dos produtos, mas também para encontros e trocas de informações sobre a importância do mel na alimentação.
Artesanato indígena
O Kaingang Ivo Galles participou da feira, juntamente com toda família. Eles expuseram artesanato produzido com cipó, linhas e penas. Artigos como flechas, cestos, pulseiras e colares, dentre outras peças para decoração.
“Sempre tive bons resultados com a feira, participamos desde 2008 e a cada ano vem aumentando mais os estandes. Muito importante para nós fazer parte neste pavilhão da Agricultura Familiar”, salienta.
Galles reside em Carazinho numa aldeia formada por 17 famílias. Ele lembra que em outros anos a feira também contou com a participação de indígenas da etnia Guarani e considera isso fundamental para a divulgação de seus produtos e cultura.
Queijo, um dos laticínios premiados
A feirante Lurdes Merlin, de Carlos Barbosa, junto com o marido Luís Raimundo, participa da feira há 20 anos. Integrantes da Ferrari Alimentos, comercializam queijo colonial, ricota fresca, copa e salame. “Acho esta feira maravilhosa”, elogia.
Tia de Jair Ferrari, proprietário da agroindústria, conta que trabalha com mais seis pessoas. Criam vacas para leite e porcos para uma grande produção familiar. E o queijo já foi premiado três vezes no estado. Não passava ninguém sem degustar o laticínio.