O propósito da mulher no Agro

Encontro de Mulheres

Benísio Rodrigues, Maria de Lourdes Hartmann, Enio Schroeder, Dalva Schroeder, Luciana Martins, Ana Mânica e Nei Manica em frente à plateia feminina

Encontro de Empresárias Rurais, que está na 10ª edição, teve palestra com consultora

“O propósito da Mulher no Agro: Transformar desafios em oportunidades” foi o tema da palestra de Luciana Martins, conselheira de grandes empresas do agronegócio na 10ª edição do Encontro de Empresárias Rurais , que ocorreu no terceiro dia da Expodireto Cotrijal.

Na abertura, o presidente Nei César Manica destacou que todos os 53 municípios de abrangência da Cotrijal, há Nucleo das Mulheres. “Elas estão cada vez mais preparadas para assumir os espaços. Já passou o tempo das mulheres irem ao Comitê aprender tricô e crochê, hoje as mulheres falam de gestão. Precisamos cada vez mais delas no planejamento e na liderança das cooperativas.”

O vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder, lembrou que a cooperativa tem 68 anos e apenas quando completou 50 anos é que contou com a primeira mulher no conselho. “Foi um marco, mas era algo que já deveria ter acontecido pois as mulheres vêm participando cada vez mais. Antes enquanto os homens iam para a reunião elas iam visitar as amigas. Hoje participam ativamente das assembleias”.

Importância do Conhecimento Luciana Martins abordou o atual cenário econômico e os impactos para o agronegócio, incentivando as mulheres a buscarem conhecimento, e falou sobre a representatividade feminina. “A presença feminina no agro é cada vez mais estratégica e decisiva para o crescimento sustentável do setor. Quando busco conhecimento sobre algum assunto tenho autoridade para falar sobre ele e consigo melhores oportunidades”, destaca.

Luciana encerrou sua palestra, no auditório central, levando as mulheres a refletirem sobre a importância de encontrar o seu propósito. Sugeriu que é preciso gerenciar melhor o tempo e utilizar ele com equilíbrio. “Nós somos uma geração de mulheres doentes e infelizes. Temos muitas cobranças. Tomamos remédio para dormir, para acordar, para ficar feliz, para ficar alerta e para relaxar os músculos que contraímos o dia inteiro com trabalho, estresse e raiva.” Todo esse esgotamento se dá porque as mulheres líderes seguem tendo que tomar conta dos filhos, da casa, dos pais e fica sobrecarregada.

Segundo ela, somos capazes de produzir saúde e doença e a diferença está em priorizar o que é fundamental na nossa vida. Existem qualidades de porcelana e de plásticos e as mulheres precisam saber diferenciá-los. “Nós mulheres passamos os dias equilibrando pratos, mas os de porcelana se caírem, vão quebrar, e se quebrarem, poderão ser colados, mas não voltam a ser como eram. Os de plástico podem cair, e continuam inteiros. Quais são os seus pratos priorizados?”. Com esse questionamento muitas mulheres ficaram em silêncio pensando na sua vida e rotina.

Responsabilidade Feminina

Durante a fala de Luciana, ouviu-se em alguns momentos, choro de criança. E nada mais feminino que, na falta de alguém para deixar os filhos com segurança, se leve os pequenos junto, para não perder a oportunidade. Pelo menos três bebês estavam presentes no colo de suas mães.

O Henrique Henn, de seis meses, era um deles e foi à feira com a mãe Manuela, de 25 anos, e a avó paterna, Lucia. “A fala da Luciana é um choque de realidade que a gente realmente precisa. Encarar os desafios de frente e se der medo, ir com medo mesmo”, comenta Manuela, que mora em Tapera numa propriedade que produz soja, milho e trigo.

Sandra Fucks, de Almirante Tamandaré do Sul, sempre escutava o marido falar da Expodireto e nunca tinha ido. Dessa vez, aproveitou a licença maternidade de Isabela, com 8 meses, e foi participar do fórum das mulheres levando ainda o filho Ícaro, de 4 anos. “Estou muito feliz em ter vindo, estou com meu marido há 20 anos e ele sempre falava na feira. O Ícaro adora as máquinas. Vim pela primeira vez e estou gostando bastante e assistir a palestra foi muito bom.”

Com ela, a sogra Iraci Krümmel, 70 anos, um exemplo de mulher líder. Ficou viúva e segue na cooperativa. E a cunhada, Eliane Krümmel, 42 anos, que vem todo ano. “É muito bom parar para ouvir outras mulheres, pensarmos como nossa vida está e como ela poderia ser”, conclui.

Luciana é diretora-executiva do Grupo Conecta e autora do livro “O chamado de um propósito” que ela presenteou duas integrantes do Mais Elas, da Cotrijal.

Mais Elas

A Cotrijal procura estimular o desenvolvimento das mulheres, para que ocupem seu espaço nas propriedades e na cooperativa, através do Programa Mais Elas. “É um trabalho de educação e capacitação, com diversas ações ao longo do ano, voltadas para as associadas e produtoras da cooperativa”, explica o gerente de Marketing da Cotrijal, Benísio Rodrigues.