Em 1999 iniciava o planejamento da primeira Expodireto. Com o trabalho de muitas pessoas, lideranças, colaboradores e empresas que se deslocaram para o norte do Rio Grande do Sul, por uma semana do ano, para fazer a feira acontecer, crescer e se tornar um case de sucesso absoluto. O que todo mundo sabe é que a Expodireto Cotrijal é uma das maiores feiras agro do mundo. O que só quem vai sabe, é que o evento é exemplo de beleza, limpeza, segurança e organização. Agora, o que quase ninguém sabe é quem faz a feira e cuida de detalhes muito importantes, que fazem toda a diferença.
Nesta edição especial de 25 anos, a ExpoRevista foi conversar com quem trabalhou para que a feira chegasse onde está. E também valorizar aquelas pessoas que ficam nos bastidores e que são imprescindíveis para que tudo dê certo e o resultado seja sempre positivo.
Acreditar
Há 150 empresas de máquinas querendo espaço na Expodireto, mas nem sempre foi assim. Quando a comitiva presidida por Nei Manica começou a divulgar a feira, a Tatu Marchesan foi a primeira empresa a acreditar no evento e confirmar presença. A primeira máquina para venda a entrar no parque foi deles. O gerente regional de Vendas da Tatu Marchesan, Sergio Cioffi, disse que o Rio Grande do Sul sempre foi promissor, como é até hoje, apesar das intempéries climáticas, e acreditou muito em Nei Manica e na Expodireto, mesmo na primeira edição quando era tudo terra. “Já conhecia o Nei da Cotrijal e a pessoa, o profissionalismo e a competência nos fizeram apostar na feira. Confiávamos também no povo gaúcho, pois temos história no estado. Esta feira está entre as três mais importantes da Tatu Marchesan. O resultado da Expodireto para a empresa é muito grande. É gratificante para nós estarmos aqui e ter participado de tudo isso, do crescimento do evento. Nós somos paulistas e fomos muito bem acolhidos por todos”, conta.
Divulgar
Imprensa do mundo inteiro cobre a Expodireto. Não-Me-Toque se tornou conhecida porque sedia a feira, mas o caminho foi longo. De acordo com o vice-presidente da Cotrijal Enio Schroeder, nas primeiras edições a cidade não tinha estrutura para receber expositores e visitantes. “Tinhamos apenas um hotel, que nem tinha ar condicionado. E para os moradores, na época, pensar em alugar a sua casa para pessoas estranhas era até uma ofensa e hoje, a feira faz circular numa cidade de 17 mil habitantes, 300 mil pessoas em cinco dias de evento, o que é inimaginável. Se não fosse a feira não receberíamos todas essas autoridades aqui.” O vice-presidente acreditou no poder da comunicação mesmo antes da feira existir. “Quando começamos eu era o encarregado da divulgação e fui atrás de placas de ferro, fizemos 27 placas, que depois seriam outdoor, espalhamos essas placas nas estradas, na Tabaí, em Caçapava, Concórdia, e os curiosos começaram a se interessar, querer saber o que era essa feira. Isso foi criando uma expectativa nas pessoas...Na primeira edição nossa assessoria era feita por um único jornalista, que ficava em uma salinha com uma máquina de escrever e foi importante. A imprensa desde o início nos dava espaço e divulgava a Expodireto. Hoje se faz cobertura com um celular, mas na época era difícil. A infraestrutura do parque era precária. E sabendo dessa importância trabalhamos para dar boas condições de trabalho para quem vem aqui divulgar. Fizemos uma casa, com espaço, confortável. Antes a gente viajava e falava que era daqui e ninguém conhecia, depois da feira quando falamos de onde somos, dizem ‘a cidade da Expodireto?’ e isso é muito gratificante.”
Proteger
Não é cobrado ingresso para entrar, mas mesmo assim o parque é um lugar seguro e todos se sentem assim. “A equipe que trabalha aqui é bem focada, bem treinada para atender bem. Viajamos para outras feiras para trazer para cá o que há de melhor. Temos hoje mais de 200 funcionários na segurança do parque, segurança privada, diurna e noturna, dos expositores, desde a portaria até às autoridades. Também cuidamos das equipes de outras áreas. Começamos a trabalhar na limpeza do parque muito tempo antes do evento, em janeiro. Fizemos a limpeza predial, para receber os expositores. Quando a equipe da montagem chega já está tudo pronto, desde antes da chegada das máquinas. A limpeza dos banheiros, manutenção de todo parque, até depois do término. Cuidamos também de toda estrutura de jardinagem. Somos muito dedicados em todas as áreas. Temos ainda os bombeiros civis que damos aporte. É muita gente, muito trabalho, mas encerrar a feira vendo que tudo funcionou é muito gratificante”, revela João Jaques, sócio-proprietário do grupo Rio Grande, responsável pela contratação dos servidores e administração das áreas de manutenção, segurança, limpeza.
Realizar
A busca da excelência vem das lideranças e se espalha por todos que fazem parte da grande equipe Expodireto. “Estar trabalhando na feira nesta data histórica é um marco profissional para toda a equipe. Nos enche de orgulho e aumenta ainda mais a nossa responsabilidade em manter esse nível e fazer cada vez melhor. Passamos a todos os nossos colaboradores a dimensão da importância do trabalho que eles fazem e eles entendem, porque cerca de 45 dias antes da feira eles abandonam a família, o lazer, para que esteja tudo lindo e maravilhoso para receber o público”, conta Luciano de Moraes, gerente da Expodireto e administrador do parque.
“Todos aqui vestem a camisa e me sinto grata em fazer parte. O parque a cada ano crescendo, mais bonito e essa busca pela excelência é de toda equipe, cada um entrega o seu melhor. Temos muito orgulho e passamos esse sentimento a todos”, conta Patricia Kayser, coordenadora administrativa.
Cuidar
A limpeza das ruas e banheiros é incomparável, e isso é unanimidade. “Pra mim é uma honra trabalhar aqui, faço meu serviço bem feito sempre. Já passei por esse parque inteiro, limpei a rua, fiz lavagem interna e agora estou na equipe dos banheiros. Aqui é um capricho, já fui em outras feiras e aqui é diferente. Nossa equipe é bem montada, bem preparada, organizada para entregar o melhor. Eu estou há 13 anos, e quem não tem essa mentalidade, não se encaixa, e não fica muito tempo. Eu já estou velhinha, com 71 anos. Duas filhas trabalharam na feira, uma até se aposentou. E duas netas também trabalham. Três gerações dedicadas à feira e orgulhosas de estarem aqui”, comenta Jussara Martins, da equipe de limpeza.
Alimentar
O cheiro de churrasco é constante, e é uma marca registrada para todos que frequentam o evento. “O trabalho no restaurante começa às 7 horas da manhã e vai até às 4h30 da tarde sem parar. Ao todo servimos de 28 a 30 mil almoços nos refeitórios oficiais. Em carne são 8 mil quilos de gado, 6 mil de porco, 12 mil linguicinhas e 12 mil pedaços de galeto por dia. Para atender bem precisamos de uma equipe, eu coordeno, mas todo mundo pega parelho. A Rio Grande nos ajuda a selecionar o reforço. Eu trabalho na Expodireto assando carne há 23 anos e há 11 coordenando. Me chamam inclusive de chefinho. Sou associado da cooperativa desde os 21 anos, estou com 78. Minhas duas filhas trabalham na cooperativa. Sou muito feliz trabalhando aqui. Até me emociono porque tenho muito amor pelo cooperativismo.” Décio Kern, coordenador da churrasqueira. “Há 23 anos trabalhando na cozinha na feira e há nove como chefe de cozinha. Saio de casa 5h45, 6 horas já estamos aqui. Cozinhamos 60 quilos de feijão por dia, deixamos de molho de um dia por outro, arroz é 80 quilos dia, mandioca 150 quilos, batata 600 quilos, massa 200 quilos e molho são cinco panelões. É muita comida e é muita responsabilidade para dar certo, e fazemos tudo com muito carinho, por isso que dá certo. Meu marido é associado há 71 anos. Sou orgulhosa de fazer comida para tanta gente. Cada ano aumenta o número de pessoas e a nossa responsabilidade também aumenta. A gente se prepara para melhorar e no final dá certo, recebemos muitos elogios que a comida é boa e isso nos enche de alegria. Faz tudo valer a pena.” Ilma Rambo, coordenadora da cozinha.
Cerca de 80% das pessoas que trabalham na alimentação da feira tanto no churrasco quanto na cozinha são associados na cooperativa. As pessoas saem de suas propriedades e vem para o parque para trabalhar pela feira. Isso é o cooperativismo e todas essas histórias deixam bem claro, que todo esse sucesso não é por acaso, vem de muito trabalho e muito amor. Cada um cuida da feira como se ela fosse sua, e é.
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"A emoção de poder acompanhar esse 'Filho chamado Expodireto' nascer... crescer e tornar-se uma potência... é inexplicável."
Não dá para falar dessa história sem apresentar aos leitores o senhor Marlon Ellwanger Lauxen. Ele inicia sua vida profissional na Cotrijal em 2000, o ano que acontece a primeira Expodireto e em 2002 assumiu a coordenação geral do parque. Foram 22 anos de Expodireto. “Foram os melhores e mais gratificantes anos de trabalho da minha vida. Poder participar do crescimento e evolução da feira e vê-la tornar-se uma potência foi excepcional. Agradeço imensamente a oportunidade que me foi dada pelo Senhor Nei César Manica que acreditou em minha capacidade. Neste período tive oportunidade de construir grandes amizades, conhecer muitas pessoas e lugares e tornei-me parte dessa grande família chamada Cotrijal. A emoção de poder acompanhar esse ‘Filho chamado Expodireto’ nascer....crescer e tornar-se uma potência... é inexplicável.” Tanto trabalho e dedicação rendeu uma homenagem especial que é guardada com muito carinho. “E mais emocionante foi ter meu trabalho reconhecido pela direção da Cotrijal com o Troféu Brasil Expodireto 2022. E quando saí, recebi um álbum com fotos do meu trabalho, e tenho comigo até hoje.”
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