Irrigação, manejo do solo e crédito de carbono predominaram os debates do 7º Fórum Estadual de Conservação do Solo e da Água

Autoridades de diferentes áreas opinaram sobre os temas, tendo como principal objetivo diminuir os prejuízos causados pela estiagem

A Irrigação e Manejo do Solo e o Mercado de Créditos de Carbono estiveram entre as questões mais discutidas na 7ª edição do Fórum Estadual de Conservação do Solo e da Água na 23ª Expodireto Cotrijal. O evento, que contou com a presença de especialistas nos temas, iniciou com a participação do titutar da Seapi (Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação), Giovani Feltes. Em sua fala, o secretário defendeu que somente a irrigação não é suficiente para contornar o problema da estiagem no RS. "Não basta apenas irrigar, é preciso um conjunto de ações feitas de forma concomitante, e isso engloba a irrigação, o manejo adequado do solo e a rotação de culturas", ressaltou.

Feltes também defendeu a aplicação de tecnologias e técnicas para a agricultura como uma forma de ampliar ainda mais a produtividade gaúcha. "Também precisamos ouvir e debater com os produtores rurais, as entidades e as universidades para que possamos criar políticas públicas que realmente atendam esse setor tão importante para a economia e para o desenvolvimento do estado e do país", reforçou.

Para o engenheiro Jorge Lemainski , chefe geral da Embrapa Trigo, a matéria mineral não determina sozinha um bom solo agrícola. “A ciência brasileira já adquiriu de forma suficiente o acesso à química que gera a planta saudável” , acredita ele.

Ferramentas indispensáveis

Segundo Caio Vianna, presidente da CCGL, no que diz respeito ao manejo de solos, a verdadeira riqueza está no potencial de produtividade. " Pesquisas realizadas pela Embrapa, mostram que a produtividade é o maior patrimônio do país para a agricultura e pecuária, e tem se mostrado a principal ferramenta para a obtenção do sucesso destas produções nas propriedades no estado e no país", destaca.

No cenário da agricultura convencional, também conhecida como conservacionista, de acordo com o professor da Ufrgs Cimélio Bayer, a queima da palha, juntamente com o pousio invernal e o intenso revolvimento do solo, métodos de manejo muito utilizados na década de 1970, não proporcionavam um bom reaproveitamento do solo. O bom controle do solo, segundo o professor, passa pela diversificação de culturas. "A recuperação do solo é de natureza biológica. Nada no solo está isolado. E neste aspecto, tão importante quanto a matéria orgânica, são as práticas de manejo aplicadas para o seu acúmulo na terra", explicou.

Mercado de Créditos de Carbono

Outro tema comum entre os produtores, o Mercado de Créditos de Carbono também figurou entre as questões abordadas no fórum. Feltes defendeu que é artigo fundamental, e defendeu a produção afirmando que os agricultores não figuram entre os agressores do meio ambiente.

Práticas positivas

Em sua apresentação do painel ‘Solos. Da Conservação ao Mercado de Carbono’, o gerente de pesquisa da CCGL e coordenador da Rede Técnica Cooperativa, Geomar Corassa, enfatizou que os produtores devem focar seu empenho na ampliação da produtividade. “A adoção das boas práticas agrícolas não é pelos crédito de carbono, mas pelo aumento da produtividade que, naturalmente, virá, e pela resiliência do sistema produtivo do Rio Grande do Sul para superar eventos como a estiagem", afirma.

Para Corassa, se no futuro a empresa conseguir começar a vender créditos de carbono, melhor ainda. Mas atualmente o propósito como instituição é fazer a agricultura do Rio Grande do Sul se tornar muito mais resiliente.

Enfoque no mercado

Em sua exposição, o gerente de projetos especiais da MyCarbon, Guilherme Ferraudo, ressaltou que 73% da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera são de combustíveis fósseis, e que neste aspecto o mercado de carbono pode ser dividido em dois: Regulatório e Voluntário.

Conforme explicou, a empresa trabalha com créditos direcionados para a pecuária de corte, e possui projetos com suinocultores e para o setor de grãos, além de buscar identificar oportunidades em indústrias. “Esperamos que em 2025 já tenhamos créditos emitidos desses projetos que começamos a fazer em 2022 e mantemos neste ano”, afirmou o gestor.

Ferraudo também afirmou que agricultores e pecuaristas estão aderindo à iniciativa, a qual busca facilitar a inclusão dos produtores no mercado voluntário de carbono.

Satisfeito com as palestras do fórum, Eulino Silveira Cassol, gerente comercial da Fertimacro Fertilizantes, afirmou ter ficado muito clara a importância de se fazer, de maneira eficiente, o uso dos temas ressaltados no encontro, como a política de crédito de carbono. "É preciso reforçar a prática de divulgação de boas práticas de conservação e manejo do solo. Já fazemos isso, só precisamos divulgar mais", afirmou. E saiu da palestra com o propósito de levar a experiência adquirida no evento para dentro da empresa.


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